Os vinhos de Mendoza II

P1080598 Na segunda-feira, manhã do dia seguinte, partimos para duas visitas: Pulenta State e a Catena Zapata. Assim como a Ruca Malén, foi simples e rápido localizar estas duas outras bodegas, todas localizadas em Lujan de Cuyo, razoavelmente próximas de Mendoza.

A Pulenta State é uma bodega cuja tradição na produção de vinhos iniciou em 1902 quando os avós de Eduardo e Hugo Pulenta (proprietários) chegaram ainda jovens da Itália para a Argentina, em busca de uma nova vida na América. A atual bodega tem sua primeira colheita em 2001, e o objetivo dos proprietários é “produzir séries limitadas de grandes vinhos, orgulhosamente feitos na Argentina”.




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O foco na qualidade ao contrário da grande produção ficou muito clara desde que chegamos na bodega. Na hora marcada fomos muito bem recebidos pela Soledad, funcionária responsável pelo setor de turismo da bodega. Aliás, percebemos que em todas as bodega que visitamos, já há pessoas especialmente designadas para atender aos turistas, cujo número vem crescendo a cada ano.

E éramos somente nós 4. Isso mesmo, uma visita exclusiva. Começamos nossa visita com taça na mão, o que achamos realmente especial, pois assim já tínhamos o prazer de saborear as bebidas da bodega antes mesmo de chegar a mesa de degustação. Eu degustei o Pulenta State Pinot Gris, um rosé delicioso, que desceu muito bem. O Carlos, a Lu e o Fábio ficaram no Chardonnay e Sauvignon Blanc da mesma linha, mas provaram o rosé e concordaram comigo, realmente se destacou entre os vinhos mais jovens.


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Realizamos uma visita bem exclusiva e completa pelo setor produtivo, visitamos os espaços exatamente na mesma ordem percorrida pela fruta, até sua fermentação e armazenamento. Tivemos inclusive a oportunidade de assistir ao engarrafamento, que é realizado por uma máquina alugada, dentro de um pequeno caminhão, visto que a produção da Pulenta State ser pequena para manutenção de uma máquina apenas para eles.

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Ao descermos ao subsolo, chamou-me a atenção a utilização de tanques de concreto para armazenagem do vinho. Havia feito poucas visitas em bodega antes de ir a Mendoza, e não tinha visto esta técnica ainda. Acabamos vendo procedimentos parecidos em outras bodegas. Nossa visita terminou em uma sala de vidro, no meio do salão onde estão as barricas de carvalho francês e americano onde descansam as melhores bebidas da bodega.

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Soledad organizou a mesa para a degustação, com direito a tabela para descrever as sensações, aromes e notas. Passamos aproximadamente 1 hora degustando os três outros vinhos que escolhemos previamente quando agendamos a visita: PULENTA ESTATE red varietal, GRAN PULENTA GRAN CAB. FRANC e PULENTA ESTATE GRAN CORTE. Infelizmente não conseguirei descrever particularmente cada uma das sensações, pois ainda estou aprendendo, e infelizmente não preenchi a tabela! :) Mas definitivamente o Gran Pulenta Cabernet Franc se destacou. Havia um aroma delicioso de pimentão verde (esse eu senti!), e o vinho era muito fácil de se beber.

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No final o passeio, realizamos as compras ‘básicas’. Como esta era a bodega mais esperada para o Fábio, posso dizer que ele fez um grande ‘investimento’ no final da visita, adquirindo uma linda caixa de vinhos especiais. Aliás, ele dormiu com os vinhos todos os dias, não foi Fábio? É preciso fazer um comentário importante sobre a compra de vinhos: realmente a cotação do peso argentino para real é vantajosa para comprarmos vinhos, no entanto é preciso atentar aos limites tanto de peso quanto do número de garrafas que você irá trazer, e sempre será despachado. Por isso procure checar sempre essas informações antes de arrumar a mala, assim você pode evitar situações desagradáveis no momento de voltar para casa.

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Nem preciso dizer que estávamos ‘alegrinhos’ ao sair da Pulenta State. Era meio-dia e precisávamos comer algo antes de irmos a Catena Zapata, nossa próxima visita, que estava marcada para as 15h30. Como havia indicação de restaurante na bodega Catena Zapata, fomos diretamente pra lá. No entanto fomos barrados pelo porteiro logo na entrada, informando que o restaurante estava fechado, e que nossa visita seria realmente às 15h30 (Olha a importância e o rigor na marcação dos horários!). Pedimos então que ele indicasse algum lugar próximo para almoçarmos. Aí recebemos uma daquelas dicas que não tem preço: alguns poucos quilômetros depois estávamos chegando a Bodega Chandon, dos famosos espumantes Chandon.

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Não estava programado, mas surpreendeu. Chegamos num momento em que um grande grupo deixava a degustação, e tivemos o privilégio de almoçarmos num belo salão, somente nós 4, com um dos melhores atendimentos que já recebi na minha vida, tanto do somellier/garçom quanto do chef. Degustamos dois espumantes que acompanharam as maravilhas gastronômicas (deixarei para o post das refeições!): Extra Brut (que harmonizou muito bem com o carpaccio de salmão com radiche roxa) e o Brut Nature (harmonizou melhor com a geléia de uva em vinho – depois conto em detalhes!).

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Bom, se antes de chegar a Chandon estávamos ‘alegrinhos’, imagina depois de duas horas comendo bem, e bebendo espumante!! Nem tivemos tempo para visitar a produção da espumantes, e seguimos assim diretamente para a Catena Zapata. O porteiro de lá até merecia um agradecimento especial, pois colocou a Chandon no nosso caminho. Foi a melhor ‘saída’ do roteiro planejado! Imprevistos acontecem, não é? :)

A Bodega Catena Zapata tem um conceito completamente diferente da Pulenta State. Fomos a dois extremos praticamente. Apesar da tradição familiar ser bastante similar, pois Nicola Catena deixou a Europa em 1898 para encontrar na Argentina o lugar ideal para plantar seu primeiro vinhedo de malbec em 1902, a Catena Zapata tem uma produção significativamente maior. Inclusive pudemos notar isso na visita. Éramos mais de 20 pessoas, de diferentes partes do mundo, conhecendo o interior da pirâmide, onde é apresentado um filme sobre a família Catena Zapata, há uma adega especial com vinhos de todo o mundo e antigos vinhos Catena Zapata para degustação/comparação, o armazenamento das barricas de carvalho francês. Todo o vinhedo fica no entorno da pirâmide, e ao fundo a Cordilheira dos Andes. Um visual realmente bonito.

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Desde a chegada de Nicola Catena já foram 4 gerações na administração do negócio. Durante toda a visita, somos envolvidos pela história da família, e acredito que um dos pontos mais importantes é quando Nicolás Catena, neto de Nicola vai aos EUA lecionar economia na Califórnia em meio a crise argentina da década de 60, e percebe na prática da produção vinícola de Napa Valley maneiras diferentes de lidar com a elaboração de vinhos. Ao retornar para a Argentina ainda em crise, decide vender parte da bodega, e se concentrar nos vinhedos de melhor qualidade, arriscando tanto em terroirs quanto diferentes uvas, enquanto muitos o chamavam de louco.

O resultado disso é um bodega com diversos vinhedos por diferentes localidade da província de Mendoza. Com isso ganham-se diferentes características para as frutas, pois há diferentes altitudes. A visitação é realizada no Vinhedo Pirâmide, onde está localizada a famosa pirâmide da Catena Zapata, e onde estão armazenados seus melhores vinhos. Recentemente a Bodega Catena Zapata foi eleita uma das bodega mais belas do mundo, em virtude de sua arquitetura diferente.

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Bom, decidimos não gastar com a degustação na Catena Zapata, e converter estes créditos na compra de uma garrafa de vinho para lembrança. Mesmo porque não estávamos em condição de mais vinho! Compramos assim um D.V. Catena Malbec-Malbec 2006, que custou $ 85,00 pesos argentinos, aproximadamente R$ 40,00. este vinho é elaborado pela combinação de dois malbecs cultivados em vinhedos diferentes, isto é, condições climáticas diferenciadas. Ainda não provamos, mas logo teremos a oportunidade!

No próximo post teremos as últimas duas bodegas: Kaiken e Família Zuccardi! Fechamos com chave de ouro… uvas de ouro, essas!

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