Vinhos de Mendoza III

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Chegamos ao nosso terceiro dia pelas bodega de Mendoza. Nossa  tarefa nesta terça-feira foi visitar duas bodegas bem distintas: a Kaiken, com produção limitada, localizada em Lujan de Cuyo; e a Família Zuccardi, uma bodega um pouco maior, que além de uma diversidade bastante grande de vinhos, produz também excelentes azeites de oliva, e fica localizada em Maipu.

Mais uma vez pegamos o Acesso Sur, o qual estávamos bem familiarizados, principalmente por poder curtir a pré-Cordilheira, e os picos mais altos da Cordilheira dos Andes do nosso lado direito. Este dia foi ainda mais especial, pois o céu estava azul, e a cordilheira parecia ainda mais próxima. Vocês verão o resultado nas fotografias! 


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A Kaiken foi uma outra bodega escolhida ‘a dedo’ pelo Fábio Grasso para uma visita. Havíamos provado um dos seus vinhos em São Paulo, num restaurante italiano, e aquele vinho despertou o interesse do Fábio. A Bodega Kaiken possui uma produção intermediária de garrafas, e uma história bastante interessante.
Kaiken é o nome de um pássaro migratório entre os territórios da Argentina e Chile (através da Cordilheira dos Andes), motivo pelo qual a sempre a figura de um pássaro nas garrafas, assim como um desenho que representa a cordilheira, com seu ponto mais alto, o Monte Aconcágua. A bodega recebeu este nome, pois a base desta grande empresa está justamente no Chile, sendo Mendoza uma aposta de Aurélio Montes, o proprietário.

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No seu início, em 2001, a Kaiken começou suas atividades numa bodega arrendada, comprando as melhores frutas de produtores localizados nos melhores terroirs da província de Mendoza. Após a colheita dos primeiros resultados, e satisfeitos com os vinhos produzidos, Montes resolveu investir na recuperação e ampliação do vinhedo localizado ao redor da bodega arrendada, e que mais tarde foi adquirida.

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Fomos recebidos pela funcionária Lucía, que há 6 meses vem organizando o setor de turismo da bodega, e realizando um excelente trabalho de acompanhamento dos visitantes. A visita era especial para nós 4, e começou quando entramos em meio ao vinhedo, de frente para a Cordilheira dos Andes, onde a Lucía nos explicou a origem da empresa, a origem das plantas, e todas as tecnologias que são utilizadas para extrair os melhores resultados destas frutas (enxerto e outras técnicas de multiplicação dos pés).

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Depois de andarmos no vinhedo, e conhecermos inclusive o sistema de irrigação através do deslocamento das águas da cordilheira por caneletas rurais para toda as propriedades da região, fomos conhecer o interior da bodega, onde a fruta é processada, o suco fermentado, armazenado em barris, e engarrafado. Depois de conhecermos um processo, os demais são bastante semelhantes, com pequenos detalhes que os divergem. O que mais me chamou a atenção no interior da bodega foi o local onde os barris estavam armazenados. Aquelas salas eram os antigos tanques onde o vinho era armazenado. Eram tanques gigantescos, numa época em que a produção ainda não era focada em tantos detalhes que hoje fazem a diferença para a qualidade de cada bebida que degustamos.

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Falando em degustação, nem demorou muito, e o fim do passeio no interior da bodega acabou no local que Lucía chama de seu ‘escritório’: uma sala envidraçada, posicionada ‘estrategicamente’ de frente para nada menos que a gigantesca Cordilheira dos Andes. Foi uma das visões mais agradáveis da viagem, já que neste dia o vento havia sumido, limpado a paisagem, o céu azul e a visibilidade estava ainda melhor. Bom, fomos então para a parte mais dolorosa da visita: degustar três vinhos Kaiken, de frente para os Andes!
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Quando agendamos a visita, a Lucía nos ofertou uma série de modalidades de degustação, assim como as bodegas anteriores. Inclusive algumas delas com queijos, ou então chocolates. Além das degustações, a bodega está investindo em eventos como almoços com degustação. Combinação perfeita para um lugar tão agradável, com um vinho tão fácil. Acabamos optando apenas pela degustação simples, pois no período da tarde havíamos agendado um piquenique na Família Zuccardi.

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Bom, voltando aos vinhos. Nossa escolha foi pela combinação: 1 taça de Kaiken Cabernet Sauvignon (mais jovem), 1 taça de Corte (Malbec – Bonarda – Petit Verdot) 2008 (intermediário), e por fim, 1 taça de Kaiken Ultra Malbec. Como mencionei anteriormente, ainda estou aprendendo, não se esqueçam! :) Mas posso dizer com toda a certeza de que este Kaiken Cabernet Sauvignon, mesmo sendo o mais jovem, estava simplesmente delicioso. Tanto que trouxemos um pra casa (pela bagatela de $ 38 pesos argentinos!). Apesar de não ter tanta sensibilidade no meu paladar para os vinhos, não é difícil de perceber o quanto essas bebidas são mais suaves, e cheias de personalidade. A medida que o vinho respira percebem-se novos aromas, dando ainda mais charme ao ritual de degustação. O Fábio inclusive parecia sempre estar curtindo um novo brinquedo, tamanha era a felicidade!

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Mais uma vez saímos satisfeitos com a visita especial, guiada pela Lucía, com a degustação dos vinhos de qualidade, e com as comprinhas nas sacolinhas, é claro! Dali partimos direto para a Família Zuccardi. Teríamos que atravessar uma região que não conhecíamos, repleta de bodegas. A todo momento alguém comentava: “Olha, ali fica a bodega tal…”, “Nossa, a Bodega tal…”. Só com muita disciplina para não parar de ‘ponto em ponto’ para abastecer o carro de novas garrafas! :)

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Levamos aproximadamente 1 hora para chegar na Família Zuccardi. Foi fácil, mais um vez, com todas as indicações da bodega pelas rodovias que percorremos. Sequer nos perdemos. Como havíamos escolhido um piquenique na Casa del Visitante, um centro para receber o turista, fomos direto para lá.
A Casa del Visitante é uma construção belíssima no meio do vinhedo, cercada por um jardim bem verde, repleto de flores coloridas, árvores e suas sombras refrescantes. Além das mesas disponíveis no interior do restaurante da casa, há diversas mesas onde as pessoas podem degustar seus vinhos e uma bela gastronomia ao ar livre. Esse era o nosso objetivo, e o dia foi perfeito para isso. Estava agradável ao sol, o céu azul convidava para um piquenique.

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Ao chegarmos, fomos atendido pela Julia, terceira geração da Família Zuccardi, nome de muitos vinhos da Bodega – os Santa Julia – e que hoje é responsável pela Casa del Visitante. Logo ela nos encaminhou para uma saleta onde tomamos nossa primeira taça de vinho rosé. Em seguida fomos apresentados ao nosso garçom, o Pablo – UMA FIGURA – que nos atendeu durante tooooodo o piquenique, que durou umas 3 horas! 

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Pablo nos levou ao jardim, ajudou a escolher a mesa, e aos poucos trouxe a cesta de piquenique, as taças, a comida (que não parava mais de chegar), o balde com o vinho, as águas, etc, etc. Foi com certeza a refeição mais agradável na minha opinião. A comida estava divina, com pequenos detalhes em cada uma das opções oferecidas (falarei com mais detalhes no post sobre as comidinhas!). Haviam sanduíches, carnes deliciosas, azeitonas e queijos numa conserva de chimichurri interessantíssima! E depois ‘as’ sobremesas, acompanhadas de um espumante Família Zuccardi é claro!

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A Casa del Visitante não oferece só comida não. Aliás, a proposta do lugar é bem diversificada. Dependendo da época do ano é possível participar da colheita, num programa especial de colheita do fruto, pra depois degustar os vinhos. Há também cursos de culinária alinhados aos vinhos da bodega e passeios de bicicleta entre os vinhedos da bodega, assim como diversos outros programas disponíveis no site da Família Zuccardi.

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Depois do nosso piquenique, fomos com o Pablo conhecer a adega da Casa del Visitante. Conheci o espumante Bonarda que eles estão fabricando, numa ideia de testar novas combinações. Acabei comprando um, mas ainda não bebemos! Depois da bodega acabamos na lojinha da Casa del Visitante… bem planejado hein?? Lá fomos nós gastar mais um pouquinho! Espumante, vinho fortificado (estilo do Porto), azeites de oliva (aliás, a Família Zuccardi fabrica três diferentes tipos de azeites de oliva, mas falarei melhor no próximo post) e até geléias de malbec! Quando terminamos isso tudo, já eram 17h30, e a bodega estava nos esperando para uma rápida visita ao processo produtivo. Mas não havia o mesmo charme da Casa del Visitante, inclusive nem mesmo parecia o mesmo lugar. A diferença é que a Família Zuccardi possui uma produção muito maior que as pequenas bodegas que visitamos, e suas instalações são muito ‘industriais’. É mais uma forma de produzir vinhos… Sinto de não termos tido tempo de conhecer o processo de produção dos azeites de oliva… mas trouxe os três tipos para ‘degustar’ em casa!!

Nem preciso dizer que de lá fomos direto para o hotel! O dia realmente tinha sido especial! Bom, agora terminadas as bodegas, passarei para os últimos dois posts: as gastronomia Mendocina, e o passeio na Alta Montaña!

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