Ficar perto da Cordilheira dos Andes, e ter uma atração por montanhas e caminhadas de aventura realmente me afetaram nas últimas semanas. Desde que voltei de Mendoza, tenho lido muito sobre expedições em grandes montanhas, e claro, fui direto para o Everest (pequena pretensão a minha hein!). Mas não que eu esteja pensando em subir, até porque ao chegar aos 3.000 metros de altitude na Cordilheira dos Andes, sem fazer esforço algum, já me deixou enjoada, imagine mais de 8.000 metros literalmente escalando??
Li duas histórias interessantes. A primeira delas de uma expedição chamada Mountain Madness, de 1996, que envolveu grande polêmica após um tragédia que tirou a vida de 5 alpinistas. O livro é "A escalada" escrito por um jornalista em parceria com Anatoli Boukreev, um experiente alpinista russo, peça principal no resgate de diversos alpinistas de uma tempestade no Everest naquela temporada. "A escalada" é a resposta ao livro "No ar rarefeito" (que também virou filme) que critica algumas atitudes do alpinista russo.
O outro livro é do primeiro brasileiro no Everest, Waldemar Niclevicz, um ano antes, em 1995. "Everest: o diário de uma vitória" ajuda a montarmos a paisagem local, com detalhes de cada templo nos arredores de Kathmandu, além de sentir através do diário deste experiente alpinista, as sensações de quem supera a si mesmo.
Independente do desenrolar destas duas histórias tão distintas sobre o Everest, o que mais me motivou agora a buscar um terceiro livro, sobre a expedição a Antártica de Sir Ernest Henry Shackleton (está pra chegar da biblioteca, e será meu companheiro nas diversas horas nos aviões até Brisbane/Austrália) é a possibilidade de se aprender enquanto viajamos.
Viajar sempre é uma descoberta. Mesmo que você visite regularmente uma cidade, é bem provável que algo tenha mudado lá, seja novo. Você muda, quando volta percebe que mudou. Acredito muito que viagem seja aprendizado. Aprendizado sobre as outras culturas, pessoas, hábitos e costumes, que potencialmente transforma-se em respeito. Viajar deveria fazer parte da escola, do processo de educação dos seres humanos, como em alguns países na Europa em que o governa patrocina um ano dos recém formados estudantes do 2º grau (comparando a educação no Brasil) para que possam viajar. Infelizmente a acessibilidade às viagens não atingiu este ponto para todas as pessoas, mas enquanto isso, podemos destacar alguns toques interessantes que podem promover o que acredito ser esse tão rico aprendizado:
1) Acompanhe ideias como a de Haroldo Castro, do Clube de Viajologia - A arte e ciência de viajar. Este profissional das viagens, que já esteve em mais de 150 países, defende a “viagem como uma experiência singular e enriquecedora porque, quando você viaja, você:
- Deixa de lado o quotidiano e vive uma outra realidade, pratica uma terapia saudável e divertida
- Desenvolve uma melhor compreensão da diversidade e riqueza cultural do planeta
- Aprecia a natureza e entende a necessidade de conservação dos ecossistemas terrestres e marinhos
- Expande sua consciência, promovendo a paz e o entendimento entre povos de diferentes nações.”
Para conhecer melhor as ideias de Haroldo sobre os 'diplomas' que cada um obtém ao viajar, acesse o site e realize os testes disponíveis, o Teste Mundial e para o Teste Brasil. São muito divertidos, e motivadores para continuarmos nos ‘especializando’!
2) Aproveite os guias lançados recente, que além de informar os melhores bairros, hotéis-boutiques e restaurantes-bistrôs, trazem cada vez mais páginas sobre a história, a cultura e os costumes dos países. Acabei de adquirir o Lonely Planet Middle East e estou impressionada. Tudo bem, é uma das regiões mais complexas do globo, culturalmente falando, mas o guia é uma verdadeira escola. Dá pra entender um pouco melhor o motivo dos acontecimentos, e com isso, saber apreciar/compreender ainda melhor o que existe lá.
3) Quando ouvir sobre um lugar legal, e sentir aquela vontade de ter a imagem dele, corra para o Google Images e para o Google Maps. Vocês precisavam ver a minha cara de espantada e realizada quando consegui ver a imagem das escadas de alumínio sobre as enormes gretas de gelo na Cascata de Gelo, logo acima do Acampamento Base do Everest (depois de ler dezenas de páginas do livro). Simplesmente me imaginei lá (não se trata de trocar as viagens físicas por consultas na internet, mas de usar a ferramenta a favor das viagens físicas). Muitos viajantes já tiveram o prazer de fotografar e relatar sobre os lugares mais distantes e inóspitos desse mundo, possibilitando que a gente 'enxergue' como a vida acontece por lá! Valorize isso, valorize os milhares de blogs com seus comentários diários, com as informações detalhadas, com os aprendizados em potencial para a sua próxima viagem.
4) E de tudo que tenho lido nos livros e nos diários (blogs) de viagens (que também procuro praticar nas minhas viagens) é manter a mente aberta para os costumes e hábitos diferentes. Procure embarcar na cultura do lugar que você visita. Procure entendê-los, chegar mais próximo de seus habitantes. Deixe o preconceito, as regras, e seus costumes em casa, assim fica mais fácil aprender. Assim fica mais fácil compreender o outro!
Viaje bastante, leia mais ainda. Aprenda! E leve os outros junto.
Nesta escola, tudo que mais quero é continuar estudando!! E você?