Reservamos o terceiro dia em Jeri para conhecer a Rota Leste: Praia do Preá, Lagoa Azul e Lagoa Paraíso. Como havíamos saído de Buggy com o Fofão no dia anterior, combinamos com ele mais este dia. Uma observação aqui: como os buggys podem levar até 4 pessoas, e pensando “dinheiristicamente”, estávamos buscando outras duas pessoas para compartilhar as despesas (este passeio custou R$ 140,00, começou as 9h e retornamos por volta das 17h). Acabamos conhecendo, na nossa pousada mesmo, duas pessoas muito queridas, a Paula e a Vanessa, que nos acompanharam nos dois dias de buggy, e com quem rimos muitos, tiramos muitas fotos, contamos muitas histórias, bebemos muitas caipiras, e até fumamos cigarros… a mãe e a Vanessa é claro, que curtiram a companhia uma da outra nessas horas também!
Depois de sairmos da pousada, Fofão dirigiu pelas dunas, contornando os dois serrotes, até chegar na praia, e por ali seguiu até a Árvore da Preguiça. Olha ela aí que preguiçosa!
Seguimos em direção a Praia do Preá, que mais parecia uma praia abandonada nessa época fora de temporada. Ao entrar na comunidade do Preá, continuamos pelas ruas de pedra até a altura para a Lagoa Azul… foram mais algumas dezenas de dunas até chegar a esta grande lagoa… porém não estava azul. O tempo não ajudou neste terceiro dia, o céu estava parcialmente nublado. Mesmo assim era possível ver como a água era clara. Em um dos cantos da lagoa haviam algumas barracas com restaurantes, lanchonetes, sorvetes, comércio, algumas mesas com cadeiras próximas da beira, e as famosas redes dentro da água. Um pouco melhor que a Lagoa da Torta, mas ainda não me conquistou…
Ficamos tempo suficiente para nos refrescarmos na água, até que o céu passou de nublado para negro, anunciando uma chuva pesada que estava por vir. Neste momento pedimos para Fofão continuar o passeio e irmos para a Lagoa Paraíso. Pelas fotos que eu havia visto em diversos blogs, estava ansiosa para ver o lugar. Decidimos em conjunto com as meninas que nos acompanhavam o Restaurante do Paulo (que também é uma pousada) para passarmos a tarde. Precisávamos de um lugar com mais estrutura, já que a chuva estava vindo. Havia lido sobre este restaurante no site dos Destemperados, que gosto muito, além de outros blogs que descreviam relatos da região. Foi ali que encontrei a Jeri que eu estava procurando!
O espaço do Restaurante do Paulo possui uma área bem arborizada, de frente para a Lagoa Paraíso, com um restaurante todo envidraçado e com diversos sombreiros na areia. Há ainda muitas espreguiçadeiras, diversas redes sob as árvores, e duas redes dentro da água, que neste caso combinavam completamente com o ambiente paradisíaco do lugar. Apesar de haver outras cabanas de praia ao longo de toda a lagoa como o Restaurante do Paulo, este fica numa das extremidades da Lagoa Paraíso, que é bem extensa, você tem pouco contato visual com as demais.
Ali o tempo parou… tomamos algumas caipirinhas, enquanto a chuva caia com força. Aos poucos o vento típico dessa região se encarregou de limpar as nuvens, que aos poucos foram dando espaço ao azul do céu, e assim fez destacar-se os tons de azul da lagoa. Foi maravilhoso. Descemos para um dos sombreiros na beira da lagoa, tomamos mais algumas bebidinhas, até que a vontade de degustar mais alguma gastronomia de férias ditasse a hora de começar. Eu havia lido sobre os peixes e muquecas, então fomos de muqueca de peixe mesmo!
Servida com farofa, pirão (apimentadíssimo, divino!), torradas e um arroz branco, a muqueca chegou esfumaçando, um cheirinho de curry de fundo, uma cor laranja lindíssima. Havia um sabor de leite de coco, e até amendoim. Mais do que especial, estava muito deliciosa mesmo. Neste momento eu já estava pensando em quando voltaria para ficar hospedada na Pousada do Paulo (diárias de R$ 120,00 a R$ 150,00 por casal com café da manhã, de frente para a Lagoa Paraíso)… deu tanta vontade que no dia seguinte, nosso último dia em Jeri, voltamos a Lagoa Paraíso, ao Restaurante do Paulo, para curtir mais um pouquinho desse paraíso. Porém o dia não ajudou nada… a chuva caiu, mas o vento estava fraco. Dessa vez fomos até a Lagoa Paraíso de D20, praticamente um pau de arara, a forma como as pessoas da região se deslocam entre Jeri e as comunidades do entorno. O custo por pessoa para cada trecho é de R$ 10,00, e há D20 indo e voltando o tempo todo, até umas 16h. Sugiro, porém, que você sempre tenha o telefone de um Dvinteiro (como eles se chamam!), pois se ele não puder te buscar, ele vai indicar quem ainda está na rota!
Depois da tarde no Restaurante do Paulo, ao chegarmos em Jeri, fomos em direção a Duna do Por do Sol, para contemplar a despedida do grande astro. Incrível acompanhar uma multidão subir aquela duna gigante, ali do lado da vila, linda, estrategicamente virada para o mar e para o oeste, no caminho do trajeto tão especial do sol, num ritual que já faz parte de Jeri.
Para esta noite, na companhia das nossas colegas de pousada, como sugestão da Paula que já havia provado e aprovado o lugar, fomos conhecer o Granola, uma pequena casa de sanduíches, wraps, crepes, todos bem saudáveis, com combinações naturais interessantes. Além disso, destaque para os sucos naturais (tomei um de maracujá, manga e abacaxi que amei!), as tigelas de açaí e os frozen yogurts! Tudo muito bem preparado, num ambiente que é uma gracinha, localizado na praça principal da vila, ao final da Rua Principal, bem na saída da praia, não tem como perder, e você nem deveria!
Escolhemos um sanduíche e um wrap para dividirmos. O sanduíche era de frango com ricota, passas e cenoura num pão de forma que parecia bem caseirinho. Já o wrap era de tomate seco, peito de peru, alface, tomate, cenoura, e um pão de folha delicioso! Como tudo era bem saudável, eu tinha o direito de uma sobremesa saudável também… um frozen yogurt era tudo que eu queria, geladinho, azedinho, super refrescante!
Para a nossa última noite, depois do repeteco na Lagoa Paraíso, voltamos para uma pequena pausa na pousada, arrumamos as malas para partirmos bem cedinho na manhã do dia seguinte, e então fomos para o centro da vila buscando mais uma experiência gastronômica agradável em Jeri. Na Rua Principal resolvemos parar e provar a cozinha do Restaurante Rústico e Acústico, bem próximo do Beco do Forró. Pedimos o prato da casa, um prato de camarões, palmito, molho branco e queijo, que vai ao forno para gratinar. Acompanhava um pirão de macaxeira e um arroz de coco com gengibre. Tudo muito bem preparado, repleto de sabor, delicioso. Além disso, o ambiente é um charme, todas as cadeiras e mesas são cobertas por trabalhos de crochet, coloridos, super charmosos, e garrafas de vidro usadas como luminárias pendentes. Ahhh, e no final, ganhamos um copo feito de chocolate com um mousse de limão delicioso… que agrado!
Para voltar a Fortaleza, dessa vez precisávamos utilizar o serviço de uma Hilux, pois o horário do nosso vôo não permitia aguardar o ônibus de linha da Fretcar, mesma empresa de ônibus com o qual viemos para Jeri. Muitas empresas de turismo de Jeri oferecem o serviço de traslado até Fortaleza com Hilux, por ser potente nas dunas, e muito confortável para a viagem de mais de 4 horas. Geralmente um traslado como esse custa R$ 400,00 a R$ 450,00, e o ideal é compartilhar. Para isso, desde o dia que chegamos comunicamos a pousada e algumas empresas de turismo de que tínhamos interesse em um traslado especial para sábado de manhã e que procurávamos pessoas para compartilhar. Deixei meu celular e o telefone fixo da pousada para eventuais recados, e funcionou. No final fechamos por R$ 100,00 por pessoa, e ainda conseguimos pagar com cartão de crédito, o que é um luxo em Jeri.
Às 13h estávamos no Aeroporto Pinto Martins nos preparando para nosso vôo para São Luís do Maranhão, segunda etapa da nossa viagem! Dissemos assim bye, bye a Jeri, e que venha o Maranhão!!
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Antes de começar este post estive pensando em algo bem, mas bem contraditório sobre Jeri (não eu que não soubesse disso, porque já havia lido em alguns blogs e revistas)… é uma vila, de apenas 4 ruas, localizada a uma distância razoável de dunas, e mais dunas até uma cidade mais estruturada, o que significa 1h30 sacolejando sem parar num veículo 4X4! Você deve estar se perguntando o porque do contraditório… O que mais me chamou a atenção, e que não combina de jeito nenhum com estas características de paraíso isolado do restante do mundo, é que o turismo é massivo em Jeri, infelizmente. Tanto na Pedra Furada quanto nos demais locais em que visitamos e que relatei em meus posts, tanto os estabelecimentos comerciais, como as práticas dos profissionais denunciam isso.
Ouvi muitos moradores locais mencionaram que a Jeri paradisíaca era a Jeri de uns 40 anos atrás, quando as pessoas só conseguiam chegar de jegue, e quando a energia elétrica era algo distante. Muitos outros lugares do entorno, pequenas praias ainda “em descobrimento” devem ser as próximas Jeri. Porém é uma pena que o descobrimento destes lugares leve a uma condição como essa. Como outros locais no Brasil falta investimento e respeito com o patrimônio natural… de todos os lados, tanto do turista como daqueles que os recebem.
É triste, mas é apenas um desabafo!
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