Vamos então a melhor parte desta história: chegar no paraíso! Está certo que não começou muito bem, pois acordamos às 6h da manhã, sem café da manhã seguimos de transfer do Hotel Catimar para o Aeroporto Nacional de Maiquetía – Símon Bolívar, e lá descobrimos que nosso vôo saia do Aeroporto Auxiliar. Não eram nem 7h da manhã e seguimos caminhando até o local correto (os aeroportos – no total de 3 – são um ao lado do outro, bem tranquilo de ir caminhando).
No aeroporto auxiliar não há cafeteria, lanchonete, nem mesmo água… apenas banheiros! O lugar estava praticamente vazio, e um grupo de 5 pessoas indicava um check-in, para o nosso vôo das 8h. Apenas entreguei o voucher enviado ao meu email impresso, e o funcionário anotou nossos nomes a caneta numa lista, pesou nossas malas (ufa, somadas deram 19,5kg – 10kg por pessoa é o limite!), nos encaminhou ao guichê para pagamento da taxa aeroportuária (BsF 38/pessoa) e nos pediu para aguardar uns 45 minutos numa sala de embarque (a única) próximo dali.
Comprovante da taxa aeroportuária BsF 38/pessoa
Sala de embarque do aeroporto auxiliar
Havia uma máquina detectora de metais, mas acredito que era para decoração!… todos passavam, a máquina apitava, e nada se fiscalizava. O funcionário nem mesmo se movia. E mesmo assim tínhamos que colocar nossas malas num scanner gigante. Mas confesso que nada disso me preocupava, pois só conseguia pensar no tamanho do nosso avião e no tempo de vôo até a ilha. Bem em frente a sala de embarque havia um pequeno avião, bimotor, estacionado. Tinha certeza de que era o nosso, até o funcionário apareceu, nos chamou, e pediu que entrássemos num ônibus que nos levaria ao NOSSO avião. Resumindo: chegamos a um menor ainda, monomotor, mix de avião com helicóptero e barco. Cabiam 12 pessoas, e entre o piloto, co-piloto e os demais não havia qualquer divisão, então pude ‘apreciar’ o painel de controle por aproximadamente 30 min!
E pensei que esse bimotor iria nos levar a ilha!
Por fim, seguimos num minúsculo avião, de uma só hélice!
Um pedacinho de Maiquetía assim que decolamos, e das montanhas que separam Caracas do mar (a sujeira é da janela, e não da máquina!!).
Essa foi a minha vista privilegiada do painel de controle! Ainda bem que nada piscou, nenhum alarme disparou!
Apesar do receio em voar, o trajeto foi muito tranquilo, aliás, mais tranquilo que o vôo de São Paulo a Caracas, e num piscar de olhos já podíamos avistar as primeiras ilhas da barreira sul do arquipélago! Aos poucos o medo foi dando espaço à alegria de estar visualizando aquela imensidão de cores, ilhas, bancos de areias, corais, etc.
Primeiras ilhas da barreira sul do arquipélago
Uma vista diferente dos corais
O pouso oferece uma vista lindíssima da ilha principal, a Gran Roque, e realmente acontece bem pertinho da praia. Após estacionarmos, um funcionário da Posada Guaripete veio nos auxiliar com as malas, apenas perguntou em qual pousada ficaríamos, sequer perguntou nossos nomes, e nos levou até nossa hospedagem. Porém, antes de deixarmos a pista de aterrisagem (até porque não há prédio nesse aeroporto, e a torre de comando fica num tipo de guindaste), passamos por uma pequena cabana onde tínhamos que pagar as taxas para entrada no Parque Nacional Arquipélago de Los Roques, que são de BsF 152,00/pessoa para os estrangeiros (parque nacional criado em 1972 para proteção dos seus ecossistemas).
Esse é o cartão postal de boas vindas, tirado a alguns segundos antes de pousar no aeroporto!
Comprovante de pagamento da entrada no parque nacional
Lembra quando comecei dizendo que não tínhamos tido café da manhã em Caracas, nem mesmo uma cafeteria ou água mineral no aeroporto auxiliar onde esperávamos pelo vôo? A Posada Guaripete já sabia de tudo isso, e assim que chegamos, sem nos perguntar quem éramos, disseram para largarmos as bolsas, malas, etc, e sentarmos para um café da manhã… ahhh, e eu nem havia mencionado o calor que já começávamos a sentir assim que pisamos ali! Aqueles sucos naturais desceram muito bem… e o dia parecia estar começando pela segunda vez, de uma forma muito mais agradável!
Até os pelicanos nos recepcionaram… e se mantiveram presente durante toda a semana… sempre mergulhando!
Logo a Tiziana (gerente da pousada) nos levou a um quarto para nos prepararmos para o primeiro dia de Los Roques, e disse que nosso quarto ficaria disponível assim que retornássemos! Com nossa caixa térmica pronta, e ao som de Caetano Veloso, que inundava a pousada de um ar ainda mais brasileiro, seguimos para o pequeno cais (ao lado do aeroporto) de onde saem os barcos para os passeios diários por todo o arquipélago. Nosso primeiro destino era uma das ilhas mais frequentadas, a Franciskí. O dia estava maravilhoso, o céu azul dividia espaço com algumas poucas nuvens, que pareciam desenhadas, destacando as cores daquele mar caribenho. Estávamos nos acostumando com uma nova rotina (deliciosa) de não se preocupar com muita coisa, a não ser cuidar para não pisar em pedaços de conchas ou corais, ver os peixes mais coloridos em cada mergulho para snorkel, cuidar dos guaripetes (pequenos lagartos pretos) em nossas bolsas e realizar todas as refeições! ;)
Nossa caixa térmica: “llegaran”!
Óculos de sol e coleta salva-vidas: incluídos aos guarda-roupa básico de Los Roques
Ao estilo Facebook, a Chelle fez questão de registrar que ‘curtimos’ muito!
Nossa chegada a Franciskí
Lá ao fundo, está a Gran Roque
Almoço com sanduíche de pão caseiro, abacaxi de sobremesa, água mineral, Pepsi e cookies! As gaivotas sempre faziam companhia neste momento!
Este foi o primeiro caracol que a Chelle achou no mar (e vimos o animal!)… ainda não sabíamos que nos dias seguintes essa concha se tornaria tão comum!
Desde a nossa chegada, até o momento da nossa partida fomos muito bem recepcionadas, seja na pousada, nos barcos, nas ilhas, até mesmo na festa da Virgem do Vale, padroeira do arquipélago, e que tivemos a oportunidade de participar. O povo de Los Roques é receptivo, gentil, bem humorado, e educado. Há muita simplicidade, percebe-se sofrimento em função das restrições nas quais vivem (percepção minha), mas vê-se muita alegria, muita dança, muito prazer em estar ali. Se chegar a Caracas/Maiquetía a noite, com ruas sujas, uma porção de pessoas te abordando para troca de dólares e táxi tinha nos deixado meio apreensivas, foi só descer em Los Roques para ter uma outra versão da Venezuela, bem mais convidativa!
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