Bento Gonçalves e arredores (RS): história e primeiras impressões

P1120266Já irei logo avisando que este negócio (excelente, por sinal) de degustar vinho me conquistou! Mesmo que eu continue não conseguindo distinguir muito os aromas entre as uvas (que eu continuo chamando de “cheiro”, levando a Lu a loucura), hoje minha ignorância enológica é infinitamente menor (pelo menos quando escuto “cabernet sauvignon” sei que é uma uva!), e minha vontade de continuar descobrindo este mundo interessantíssimo é maior (Thanks to Carlos!).

Depois dos argentinos e chilenos que chegam fáceis as prateleiras dos nossos supermercados aqui em Floripa, começamos a apreciar os vinhos da Serra Catarinense (Villa Francioni, Suzin, Sanjo, Pericó, etc), depois surgiu a viagem pra Mendoza, pra degustar vinhos mais elaborados (Pulenta, Kaiken, enfim, aqueles que não chegam facilmente as prateleiras do supermercado), e agora (continuando com esta mania deliciosa da degustação) decidimos aproveitar o feriado de Corpus Christi em Bento Gonçalves, região reconhecida pela produção de vinhos da Serra Gaúcha.

E pra minha alegria, alguns dias depois de voltar desta viagem (que será apresentada em quatro capítulos), recebi um email ainda mais incentivador da Lonely Planet, com um giro pelo mundo em 130 vinhos!! Garanto assim mais “algumas” viagens futuras contemplando esta bebida!

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Visite o itinerário completo aqui!

Para começar a contar como foi meu feriado em Bento (já íntima, percebeu?), vou contar um pouco da história dessa região, não porque ela é cheia de glamour ou vitórias, bem pelo contrário, mas porque ela conta a história do povo italiano (e da história da minha família!) que veio para o Brasil em busca de algo melhor.

Apesar de ter conhecimento de que meu quinto avô veio da região norte da Itália para o RS, jamais havia parado para refletir sobre as condições que ele e os demais imigrantes passaram para se estabelecer no Brasil. Subir a serra a pé, em meio a mata fechada, começar a vida do zero, morando embaixo de raízes de árvores e buracos em pedras foram algumas das declarações que ouvi.

“Em 1875, inicia a imigração italiana (…), originando as Colônias de Dona Isabel (hoje, Bento Gonçalves), Conde D’Eu (hoje, Garibaldi) e Nova Palmira (hoje, Caxias do Sul).

A Colônia Dona Isabel (Bento Gonçalves), criada em 1870, já era conhecida como “Região da Cruzinha”, devido a uma cruz rústica, cravada sobre a sepultura de um possível tropeiro ou traçador de lotes coloniais. Era época do escambo (…) A Colônia Dona Isabel sediava um pequeno comércio, no qual, os tropeiros faziam paradas para descanso.

Em 24 de dezembro de 1875, os núcleos do Planalto começaram a receber novos imigrantes. Em março de 1876, o Presidente do Estado José Antonio de Azevedo Castro anunciava (…) uma população de 790 pessoas, sendo 729 italianos. Simultaneamente, pioneiros oriundos do Tirol Austríaco e Vêneto chegaram à esplanada, onde hoje está situada a Igreja Matriz Cristo Rei.” http://bentogoncalves.com.br/default.asp?pagina=historia.asp. Mais sobre a história de Bento Gonçalves, dos imigrantes italianos e da vitivinicultura, aqui.

O nome Bento Gonçalves foi dado em 1890 em homenagem ao general Bento Gonçalves da Silva, chefe da Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul de 1835 a 1845. Atualmente a cidade possui uma população de aproximadamente 110 mil habitantes, além de ser reconhecida como um dos maiores pólos moveleiros do sul do Brasil, e considerada a Capital Brasileira da Uva e do Vinho. Desde 2007,  é um dos 65 Destinos Indutores do Brasil, escolhida pelo Ministério do Turismo (MTur).

Mas como eu nunca havia visitado esta região, nem mesmo havia passado de carro, todos os aspectos eram novidades. E como venho me policiando sobre as expectativas que eu gero sobre os lugares antes de viajar (porque eu leio bastante sobre o destino, e assim vou montando um imagem do lugar – que é muito tendenciosa), fiz um exercício para não criar expectativa sobre a infra-estrutura turística de Bento Gonçalves! E acho que fiz bem! Assim abri espaço para que algumas surpresas acontecessem!

Considerando as cidades brasileiras que visitei, Bento Gonçalves está entre aquelas em que a atividade turística parece ter importância secundária, quando comparada à importância da atividade industrial/negócios desenvolvida na região, e com isso compete em termos de investimentos aplicados. Isso ficou muito claro na sinalização das rodovias. No trecho que realizamos, através da BR 116 (de Fpolis a Bento Goncalves), apesar de pagarmos 4 pedágios de R$6,00 cada um, as placas de sinalização (seja turística ou não) era muito escassas, e as existentes estavam em situações precárias. Enfrentamos dificuldades para conseguir seguir o caminho certo a partir de Caxias do Sul para Bento Gonçalves, quando já estava escuro e chovendo.

Por estar próxima de Gramado (grande polo receptivo de turismo), percebi que Bento Gonçalves é vendida como destino para passeios de 1 dia, para conhecer 1 ou 2 vinícolas. Este tipo de turismo movimenta a cidade, porém limita o desenvolvimento dos meios de hospedagem e estabelecimentos gastronômicos, já que as pessoas retornam para seus hotéis em Gramado ao final da tarde.

Em uma das vinícolas que visitamos, seu proprietário, que está há mais de 30 anos no ramo, disse que a região do Vale dos Vinhedos e arredores ainda não está nem engatinhando rumo a um produto turístico decente. Ele disse que a região ainda está apenas observando o que acontece, como num estágio ainda anterior. E acabo concordando. Bento Gonçalves e as demais cidades produtoras de vinhos e espumantes já estão consolidados como um destino turístico em virtude da qualidade de suas bebidas, porém ainda precisam de investimento para atender com a mesma qualidade o tipo de público tão fiel e exigente que busca um destino para degustação de vinhos.

Acho que realmente o Brasil, e principalmente a Serra Gaúcha, estão no caminho, afinal de contas já estamos na lista da Lonely Planet, né!

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Para a viagem completa, acesse também:

Bento Gonçalves e arredores (RS) I – Vinícolas

Bento Gonçalves e arredores (RS) II – Gastronomia e hospedagens (em construção)

Bento Gonçalves e arredores (RS) III – Caminhos de Pedra (em construção)

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