Sabe aquele grupo de amigos com o qual é uma delícia estar junto? Porém com a correria do dia-a-dia, e tantos afazeres, acabamos sempre adiando os encontros: hoje tem consulta médica, o outro dia tem aula amanhã, etc., etc..
Pois bem, depois de um grande esforço para um encontro aqui em casa num jantar (remarcado algumas vezes, mas concretizado), decidimos pegar o calendário e definir um final de semana para realizarmos uma viagem em pequeno grupo, pra curtir a capital paulista.
O objetivo da viagem era passarmos um tempo maior juntos, já que faz tanto tempo que saímos da faculdade :) . Nosso plano contava com algumas experiências culturais e gastronômicas, e foi nisso que se baseou o final de semana de 23 a 25 de abril.
Aproveitamos os baratíssimos pacotes da Tam Viagens (www.tamviagens.com.br), que em conjunto com a Mastercard (www.supreendamc.com.br) lançou a promoção “Paga 1 Viajam 2”. Não tem como não viajar desse jeito! Por R$ 660,00 viajavam duas pessoas, com aéreo Floripa/São Paulo/Floripa além de duas noites no Hotel Normandie Design (www.normandiedesign.com.br), em plena Avenida Ipiranga!E nessa economia embarcamos nós!
Na noite de sexta-feira, dia 23 de abril, embarcamos os 6 (eu e Carlos, Luciana e Fábio, Ana Paula e Robson) direto para Congonhas. Uma parada no hotel para deixarmos as malas, e já partimos para o Bar B (www.basbsp.com.br), bar de uma amigona minha – a Amina, que conheci em minha primeira viagem aos Estados Unidos (contarei numa outra postagem).
Saímos caminhando pela Avenida Ipiranga, cruzamos com a Santa Efigênia, passamos pelo movimentado Bar da Brahma, cruzamos a Praça da República, e logo atrás dela, enfim, encontramos o B! Logo encontrei a amiga Amina na entrada. Aquele lugar tem a cara dela, cheio de personalidade, vibrante, com um repertório musical mais que perfeito, repleto de formas e cores, além de um staff muito gentil e atencioso!
Como a própria Amina diz em seu site “Ali entre o Copan, traço de Niemeyer no centro da cidade, e as praças Roosevelt e República, no começo da General Jardim, está o inovador reduto da cena do jazz paulistano: o Bar B. Inovador porque desconstrói a idéia do jazz contemplativo e para virtuoses e coloca em jogo a descontração, o improviso e o estilo musical como diversão para iniciantes ou iniciados na arte do jazz e suas vertentes.”
Passamos as primeiras horas do sábado ouvindo o som do grupo Clube de Bolso (http://www.facebook.com/pages/Clube-de-Bolso/286041814790), o qual gostei bastante! E depois de um saboroso caldinho de feijão, voltamos a pé para o hotel, entrando no clima daquilo que a capital paulista reservava pra gente!
Preciso fazer uma rápido parêntese sobre o nosso hotel: infelizmente o ambiente não é tão aconchegante e bonito como aparece no site. Nossos quartos tinham aparelhos de ar-condicionado bastante antigos (e barulhentos!), e a sensação era de que tinham acabado de promover uma reforma de baixa qualidade… Além disso, houve uma falha na comunicação entre a Tam Viagens e o hotel, deixando os 3 casais dormindo em camas separadas!!! Mas preciso reforçar que a localização é ótima, próximo ao metrô, ao Copan, a Estação da Luz, ao Mosteiro de São Bento, etc.…
Dia 1
A noite foi curta, e às 9h do sábado já estávamos no saguão do hotel, prontos a explorar a cidade… O primeiro passo foi decidir pelo café da manhã. Tomar café da manhã em padaria é uma delícia quando se tem as opções de São Paulo (espero que um dia Floripa tenha mais padarias, e melhores!!). Como eu queria muito “ver” o Copan de perto, convidei a galera para um café na varanda da Santa Efigênia Pães, no térreo do Copan. Não levou mais de 10 minutos caminhando do nosso hotel até o prédio de Niemeyer, e em seguida estávamos escolhendo cafés, pães, doces, etc..
Assim que devidamente alimentados, pegamos o metrô ali mesmo na República para visitarmos (no meu caso, pela primeira vez), o Museu do Ipiranga, também conhecido como Museu Paulista (porque mostra a forma como o povo paulista interpretou os fatos históricos referentes a independência no Brasil) ou Museu da Independência.
O prédio-monumento (porque nunca foi utilizado como moradia) foi inaugurado em 7 de setembro de 1895 como museu de História Natural e marco representativo da Independência, da História do Brasil e Paulista. Seu acervo já mudou muito desde então, mas está lá, no segundo andar do prédio, a pintura mais impressa nos livros de história do Brasil: a tela “Independência ou Morte” de Pedro Américo (1888). É emocionante subir as escadas do hall principal, e ao entrar no salão nobre, ficar de frente com esta obra que mede 7,60m X 4,15m. Leva-se tempo para analisar os detalhes da pintura, o significado de cada movimento (sim, a tela é cheia de movimento). Simplesmente, imperdível!
O trajeto de ida e volta ao Museu do Ipiranga foi demorado. Infelizmente o metrô não chega até próximo do Museu, sendo necessário pegar um táxi ou um ônibus a partir da estação de metrô mais próxima.
Depois desse momento histórico em nosso roteiro, pegamos o primeiro ônibus que nos levaria de volta ao metrô. Próxima parada: Bairro da Liberdade! Eu estava ansiosa para entrar naqueles pequenos mercadinhos japoneses, cheios de produtos coloridos (minha interação com os mesmos se limitava nas figuras das embalagens!). Ahh, como adoro esses mercadinhos! Pena que nesta altura do campeonato, percebi ter esquecido em Floripa o cartão de memória da máquina fotográfica! Eu sei, eu sei, imperdoável! Mas tentarei não repetir o erro!
Bom, desses mercadinhos levei vários chás, biscoitos japoneses, e alguns envelopes que me pareciam ‘interessantes’. Qualquer hora dessas chamo os amigos para um momento ‘cobaias na gastronomia’ :)
Encontramos um micro restaurante (Restaurante Mussa), daqueles que a cozinha fica ao longo do corredor de entrada, o caixa fica debaixo da escada que te leva para o piso superior, onde dezenas de pessoas se aglomeram para comer um bom prato de comida oriental. Ali provamos guiozás, tempurás, yakissobas, yakimeshis, entre outros! Confesso que nem chegou a ser uma comidinha oriental memorável, mas o ambiente estava mais do que de acordo com a sistemática oriental!
Outro lugar interessantíssimo ali na mesma rua (Rua dos Estudantes), pena que não tínhamos fome para um docinho àquela hora, mas não perca a Bakery Itiriki, uma padaria que ao primeiro contato parece bastante comum, mas depois de uma imersão um pouco mais detalhada, e mais próxima das delícias preparadas é possível perceber que ali se pode encontrar itens bens especiais, dentre eles uma série de pães orientais temperados com diversos sabores! Sabor para algo que emerge dos doces, pães e bolos que estão expostos lá! Se não houver espaço no estômago para prová-los, vá lá e provê-os apenas com o olhar! Com certeza vale a pena!
No retorno ao hotel (sim, já estávamos cansados!!!), resolvemos descer na Estação da Luz. Realmente a construção é impressionante. O ambiente está bem conservado, e foi bonito ver aquele movimento de trens e pessoas por todos os lados. É claro que por ser sábado, vivenciamos uma São Paulo um pouco menos movimentada!
A estação ferroviária da Luz foi aberta ao público em 1901. Suas instalações ocuparam 7.500 metros quadrados do Jardim da Luz e foi construída pela São Paulo Railway Company com estruturas, trazidas da Inglaterra, que copiam o Big Ben e a Abadia de Westminster. A Estação da Luz é a principal prova da importância e do desenvolvimento que a cultura do café - que exigia o aumento da malha ferroviária para o escoamento do produto da região de Jundiaí para o porto de Santos - trouxe não só para a cidade como para o Estado (Site do Governo de SP).
Da Estação da Luz, em poucos minutos caminhando, chegamos até a Estação Júlio Prestes. Outra estação ferroviária monumental existente no Centro de São Paulo. É inspirada nas estações norte-americanas Grand Central e Pennsylvania. Ela é de 1926 e fica na Praça Júlio Prestes. Curiosidade: a plataforma foi construída com estrutura metálica do hangar do Zepelim no Rio de Janeiro.
A Estação Júlio Prestes abriga, desde julho de 1999, a sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. O grande hall foi transformado numa moderna sala de concertos e as demais dependências, em escola de música.
Do outro lado da Estação Júlio Prestes está a Cracolândia… não era nosso roteiro, mas era impossível não perceber os prédios invadidos, destruídos, literalmente caindo aos pedaços, mas ainda moradia para centenas de pessoas. Era sábado, e ainda no meio da tarde, assim não tivemos problemas para atravessar algumas ruas e avenidas, até que encontramos a Santa Efigênia, e seguimos, até encontrar com a Av Ipiranga, e nosso hotel.
O descanso não foi longo. Depois de decidirmos onde iríamos jantar, paramos umas duas horas para levantar as pernas (bando de velhos, não é?), e recuperarmos um pouco as energias, já que ainda nos restava o domingo!
Viajar em grupo é sempre mais difícil. Ainda mais em amigos, onde todos querem que todos se divirtam, que curtam a viagem! Definitivamente foi difícil a conversa de decidirmos um restaurante para sábado a noite, e nosso objetivo era realmente provar um BOM RESTAURANTE! Mas como principiantes, e ainda pouco acostumados com estas cidades de milhões de habitantes, que estão sempre na rua comendo, infelizmente não conseguimos lugar nas nossas primeiras opções!
De qualquer forma, de posse de seu livro Veja SP 2010, o Fábio nos sugeriu um restaurante italiano mais contemporâneo, com pratos criativos, num ambiente familiar e acolhedor. Foi assim que ligamos para o “Così”, e reservamos uma mesa.
O restaurante fica localizado no bairro Santa Cecília, que não é um bairro gastronomicamente tradicional. No entanto as referências eram excelentes. Não são poucas as publicações sobre o Così e seu chef, Renato Carioni em diversas revistas e jornais, como Gula, Menu, Folha, entre outros.
Infelizmente nesta hora só posso pedir um prato :(
Mas pude perceber a criatividade, as cores, e a beleza nos diversos pratos servidos em nossa mesa. Como estávamos em 8 (recebemos a visita de um casal de amigos da Luciana, que moram em SP), a mesa se encheu de cheiros e sabores! Eu fui de Tortelli ai funghi e taleggio alla salsa d’anacardo. Este prato delicioso trazia tortelis recheados de funghi e queijo taleggio, a um molho harmonioso de castanhas de caju. Tudo bem que meu prato não tinha o ‘cor de rosa do creme de beterraba da Luciana (receita da vó do chef), mas a delicadeza da massa do tortelli era algo precioso. De uma preciosidade que conhece aqueles que já prepararam uma verdadeira massa fresca, tão fina e suave, que permite saborear perfeitamente seus recheios mais ricos! E o molho então! Complementava a combinação com uma maciez sem tirar qualquer foco do recheio de funghi e queijo taleggio! Resumindo: que delícia viver esses finais de semana em SP! E descobrir lugares como esses! Ah! E preciso destacar. O Così tem preços bem acessíveis! Inclusive mais barato que muitos restaurantes aqui de Floripa.
Assim, satisfeitos, pegamos o táxi de volta para o hotel… aguardando pelo domingo!
Dia 2
O café da manhã do segundo dia já estava marcado: o Café Girondino (http://www.cafegirondino.com.br/). Localizado em frente ao Mosteiro de São Bento, a poucos metros de nosso hotel, este café faz homenagem ao antigo Café Girondino, aberto no início do século passado, em meio a explosão da febre cafeeira, e com a festejada estréia da primeira linha de bonde elétrico na cidade. Definitivamente o Girondino dosa na medida certa uma nostalgia e modernidade, ao mesmo tempo que presta uma homenagem a memória paulista.
São três ambientes: bar, cafeteria e restaurante, todos decorados com muito charme e elegância, além das diversas imagens de uma São Paulo que já não existe mais.
Estávamos chegando num outro momento importante da viagem (e não era a Rua 25 de março não! Até porque nos domingos, praticamente nenhuma loja abre!). Era momento do Mercado Municipal de São Paulo.
O Mercado Municipal Paulistano (antigo Mercado Central) foi inaugurado em 1933. Possui mais de 10 m de pé direito, colunas, abóbodas e vitrais importados da Alemanha com temas agrícolas e agropecuários. É um importante centro de abastecimento e lazer, com grande variedade de produtos, desde hortifrutigranjeiros até algumas especiarias, que só podem mesmo ser encontradas lá, como infinitas variedades de temperos e especiarias a granel.
É o lugar ideal para encontrar aquela fruta bem esquisita, além de aprender uma porção de coisas novas sobre gastronomia! Pra quem gosta de se aventurar na cozinha, o Mercado Municipal de São Paulo parece mesmo um grande laboratório! Nem preciso comentar que minhas prateleiras de temperos estão com um problema sério de ‘overbooking’!!! hehehe
Mas é claro que não fomos para o Mercado Municipal somente para ‘ver’ as comidas, os temperos, o movimento! Fomos para literalmente saborear aquela comidinha típica do paulistano: coisa de turista, são eles o Sanduíche de Mortadela (500g de mortadela) e o Pastel de Bacalhau! E nossa, que delícia! Comi o pastel, assim não coube o sanduíche dessa vez. Mas bebemos uma porção de cervejas…
Depois do mercado municipal (foi triste sair de lá), fomos dar uma passadinha em outro ponto de SP, onde as coisas acontecem: Avenida Paulista. Desembarcamos na Estação Trianon, atravessamos a grande Avenida, e visitamos o grande MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Além de conhecer o acervo riquíssimo do museu (minha primeira vez lá!), tivemos a oportunidade de visitar uma exposição temporária de Max Ernst, um pintor alemão, que além de poesias, foi figura importante entre surrealistas.
A mostra - que iniciou em 2008 sua itinerância inédita após mais de 70 anos - passou pelos museus Albertina (Viena), Max Ernst (Brühl), Kunsthalle (Hamburgo), Fundación MAPFRE (Madri) e D'Orsay (Paris) e debuta na América pelo MASP, trazendo suas provocações e preciosidades: entre as 184 colagens originais e de extrema fragilidade estão cinco obras jamais expostas ao público. Sob alegação de blasfêmia, elas não participaram da única exposição realizada com as colagens, em 1936 em Madri, na Biblioteca Nacional, atual sede do Museu Nacional de Arte Moderna.
Terceiro romance-colagem de Ernst - que já havia produzido La femme 100 têtes (1929) e Rêve d'une petite fille qui voulut entrer au Carmel (1930) -, Uma semana de bondade foi criada em 1933, auge do movimento surrealista, durante uma viagem de três semanas à Itália, precisamente ao Castelo de Vigoleno, cidade medieval da Emilia-Romagna. Recortando uma série de imagens de livros, jornais, romances e revistas populares na Europa desde 1850, o artista transformou entretenimento em uma ação de alerta e revolta contra os valores da época (MASP).
Depois de uma longa caminhada (nossas pernas já estavam até preferindo o espaço comprimido do avião, pra que ficássemos quietinhos) pela Avenida Paulista, curtindo o final de tarde do domingo, o sol sumindo, mas a avenida ainda lotada de pessoas curtindo as feiras de artesanatos, antiguidades, entre outros itens, fomos sentar na mega loja da FNAC, para um café, e um último momento ‘cult’!
A partir daquele momento já estávamos no caminho de volta! Hotel, mala, táxi, aeroporto, check-in, um tempo na cadeira aguardando… avião, e 1 hora depois (apenas 1 hora de viagem é algo que não tem preço!) estávamos desembarcando na Ilha da Magia, em Florianópolis.
Estavam todos bem cansadinhos quando chegamos aqui! Aliás, acho que estavam cansadíssimos, pois levou uns 5 dias para surgir um primeiro e-mail, dizendo: “Estamos vivos! A viagem foi demais… quando será a próxima??” hehehe. Acho que para a próxima teremos que ser um pouco mais light, afinal de contas a época de faculdade realmente já foi embora faz tempo!
Obrigada amigos! A viagem realmente foi deliciosa!
São Paulo é tudo de bom. Pena que seja pouco vista como destino turístico. No meu blog tem um vídeo de divulgação bem legal. Passe lá pra ver.
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