Revisitando os cânions e vivenciando o campo!

DSC02159Neste domingo, fim de um feriado maravilhoso, escutei uma das maiores verdades que já ouvi. A filósofa de trilhas (hehehehe), Aline Saccol, disse algo que marcou o final da Trilha do Cotovelo no Cânion Itaimbezinho: “…despesas com viagens são os únicos gastos que verdadeiramente nos enriquecem…”. Esse comentário surgiu depois que estávamos organizando verbalmente a terceira viagem de 2013, porque naquela altura do campeonato, estávamos planejando pelo menos uma aventura por mês, para curtir a vida como tínhamos feito neste feriado!

Aline, estás certíssima! Voltei mais rica… rica de experiências, de vivências, de energia, de novas amizades, de novas paisagens! Sentindo uma felicidade que vem da simplicidade que vivemos nestes três dias. Isso realmente não tem preço! E por isso vou me empenhar para que tenhamos este tipo de compromisso todos os meses de 2013!

A minha ideia deste feriado de Finados era fazer uma viagem técnica para conhecer a estrutura de hospedagem da minha grande amiga Ednéia, a Léia, numa fazenda localizada em Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, cidade base ideal para visitar a parte superior dos Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral. Eu nunca havia ficado hospedada em Cambará do Sul, apesar de ter ido ao Cânion Fortaleza algumas vezes, e esta foi a oportunidade para fazer algo diferente (depois de umas 20 viagens a Praia Grande – cidade base para visitar a parte interior dos cânions dos mesmos parques nacionais).

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Eu conheço a Léia a mais de 10 anos, quando fiquei hospedada pela primeira vez em Praia Grande, e ela me recebeu na sua pousada, chamada naquela época de Vale Verde. Foram 5 dias de muitos passeios, muita diversão, refeições inesquecíveis, e o começo de uma amizade muito especial. E recebi o convite  da Léia para agora conhecer sua nova casa, lugar em que ela planeja desenvolver uma pousada. Convidei alguns amigos para a aventura, e quando percebi estávamos em 11 mulheres, a desvendar os caminhos do cânions.

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E é claro que uma visita a parte superior dos parques nacionais exige também uma visita bem de perto das bordas dos cânions, afinal, saudades são saudades, e aquele lugar é mágico pra mim! Com a ajuda profissional dos meninos dos Verdes Canyons, “alugamos” o guia Leo por 3 dias, para nos acompanhar em todas as trilhas, e apresentar uma visão diferente daquela que eu estava acostumada. Parabéns ao profissionalismo do Leo em todas as trilhas e explicações sobre os cânions, os parques, a história da região, mas principalmente pela a paciência com as 11 mulheres! Isso não foi nada fácil, né Leo? ;)

Como nosso destino era Cambará do Sul, e a Serra do Faxinal (Praia Grande – Cambará do Sul) possui apenas 7 km de estrada asfaltada, resolvemos seguir viagem de Florianópolis até Terra de Areia pelo RS, e depois subindo a Rota do Sol. Foi a minha primeira vez lá, e foi uma viagem ótima. O tempo colaborou muito, e não havia trânsito complicado de feriado. Saímos de Floripa às 6h20 da manhã, e por volta das 12h30 estávamos almoçando em Cambará do Sul, uma distância aproximada de 510 km. Sou obrigada a relatar que é inacreditável a diferença desta BR 101 Sul depois da duplicação, está tão mais fácil descer para os cânions! Isso é animador… já estou pensando na viagem de janeiro/2013!

Encontramos o Leo na Galeteria e Restaurante O Casarão, e aproveitamos para comer muita massa, saladas orgânicas, uma costelinha de porco, queijo na chapa e polenta frita! Parece muito? É que antes do jantar degustamos algumas cachaças, grapas e outras bebidinhas, afinal um feriado é praticamente férias! Tudo uma delícia. Este é o restaurante mais movimentado da cidade, e também o mais turístico. Há ainda outras opções como o Costaneira, e o Restaurante dos 29 (no CTG). Todos servem uma comida típica campeira, bem recomendados.

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A programação, após nosso almoço, começava com uma visita a Cachoeira dos Venâncios, um dos lugares que eu não havia visitado ainda. Esta cachoeira fica localizada numa propriedade particular, for a da área dos parques, a aproximadamente 15 km de estrada de chão de Cambará, e foi nossa primeira experiência com a estrada de chão… aos poucos fui me acostumando com o trepidar do volante… sempre pensando em não facilitar um furo no pneu! hehehehehe A Cachoeira dos Venâncios na verdade são 4 quedas lindíssimas. A primeira delas, e a maior de todas, é um belo paredão com uma longa cachoeira que enche os olhos, super convidativa para um banho já que o dia estava bem quente. Não demorou muito, e metade do grupo estava na água, curtindo a “massagem” que a força da queda da cachoeira era capaz de fazer em nossas costas. Depois do banho revigorante, curtimos todo o entorno da cachoeira, e contemplamos uma paisagem típica dos campos de cima da serra.

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No final do dia seguimos para a fazenda da Léia, chamada de Estância Fundo Velho (Fundão). Agora posso dizer que este nome é perfeito para o lugar! Foram 18,3km de estrada de chão do centro de Cambará até o lugar. Como a estrada é de fazenda, e por isso mais difícil que as estradas de chão principais, dirigimos a uma velocidade média de 12 km/hr, e por isso levamos 1h40 para chegar na casa. Eu já estava desesperada, já tinha imaginado de tudo, que aquilo era uma emboscada, que estávamos perdidos, etc.! Imaginava o que passava na cabeça dos demais 11 elementos que estava ali pelo meu convite! Quando o meu bom humor estava quase me deixando, avistei uma luz bem fraquinha num vale abaixo de nós. Como era noite, pouco conseguíamos ver da paisagem, mas eu sabia que havia alguma coisa por ali, e em menos de 1 km chegamos. Os faróis dos carros descortinaram numa casa imensa, com diversos quartos, uma sala ampla, e uma cozinha bem quentinha pelo fogão a lenha que já nos esperava com uma galinha caipira super cheirosa!

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Apesar de todos ainda assustados pelo caminho que havíamos percorrido e incertos pela simplicidade e rusticidade do lugar, sentamos a mesa para comer, e comemos muito bem. Um feijão delicioso, uma salada bem gostosa, a galinha saborosa e ainda um aipim bem macio. Depois disso ainda havia espaço para um pouco da ambrosia mais caseira que já comi. Foi como mágica, com tudo isso, mais uma noite maravilhosa de sono, amanhecer na fazenda e encarar os demais passeios foi muito natural. E para completar o sorriso de todas as 11 meninas e nosso guia, a mesa do café da manhã fechou com chave de ouro a nossa certeza de que seria uma feriado especial, uma vivência única. A Léia continua a mesma cozinheira de mão cheia, responsável por bolos bem gostosos, aquelas bolachas caseiras e coloniais do estilo da vó, um pão integral que ganha de qualquer um. Ser recebido pela manhã numa cozinha rodeada de araucárias centenárias que eram vistas pelas grandes janelas de vidro, com o calor do fogão a lenha, enquanto lá for a a neblina do campo dava lugar ao céu azul que prometia um dia de calor e muito bom tempo, foi no mínimo recompensador.

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Mesmo não querendo muito sair da mesa do café, partimos por volta das 8h da manhã para as nossas trilhas no Cânions Fortaleza, trilhas na parte superior deste cânion, de aproximadamente 8km, localizado dentro do Parque Nacional da Serra Geral. Para chegar neste local são 15km de asfalto e mais 8km de estrada de chão, de má qualidade, preciso dizer. Se revolver visitar esta região, fazendo este roteiro, leve uma boa dose de paciência, não perca tempo pensando no carro e curta a paisagem. Posso garantir que vale todas as batidas de pedra no protetor de carter! ;)

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Partimos direto para a borda do cânion, e assim seguimos até a trilha que leva para o mirante, na parte sul do cânion. Esta é uma das visões mais lindas do Fortaleza, e graças ao tempo aberto a gente pode contemplar toda a extensão, inclusive pudemos ver o oceano! Esta primeira trilha levou em torno de 2 horas (uma hora por trecho), e é de nível moderado, pois há uma subida extensa para chegar no topo. Aproveitamos para almoçar por lá, contemplando a imensidão daquela natureza que nos rodeava. Nosso lanche, preparado pela Léia, tinha um sanduíche, uma barra de cereal feita pelos produtores rurais e frutas.

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A segunda trilha a explorar no Fortaleza foi a trilha que leva a Cachoeira do Tigre Preto e a Pedra do Segredo. Lugares lindíssimos também. Esta trilha é mais curta, e bem mais fácil. Aproximadamente 1 hora para ida e volta. No início caminhamos ao lado de um riacho, que as poucos vira um filete de água sobre pedras (por onde podemos caminhar facilmente), e depois inicia uma queda, seguida por diversas outras, até chegar lá no fundo do cânion, fim este impossível de ver. Depois de caminharmos sobre o filete de água da cachoeira, podemos seguir por uma trilha que nos proporciona uma visão belíssima das quedas d’água.

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A Pedra do Segredo estava apenas uns minutos a frente na mesma trilha. Localizado na encosta do cânion, o bloco de rocha basáltica possui 5 metros de altura e está apoiado em uma base de 50 centímetros, dando a impressão que cairá a qualquer momento. Esta trilha ainda proporciona uma espetacular vista do cânion Fortaleza, em um ângulo oposto ao do mirante. 

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Depois de tanta imensidão de cânions (que tentamos sem sucesso a capturar com nossas máquinas fotográficas), curtimos um banho rápido no riacho, e seguimos pela poeira da estrada de chão de volta a fazenda. O final de tarde prometia um belo por do sol que já planejávamos assistir tomando uma taça de vinho, enquanto o jantar no fogão a lenha estava sendo preparado. Ainda deu tempo de curtir os cavalos da fazenda, e todas nós demos um passeio com a Vera Fischer, uma égua super mansa e obediente!

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Na segunda noite o cardápio caseiro foi de feijão vermelho, arroz, saladas e um charque com batatas que estava maravilhoso! De sobremesa a Léia nos preparou uma torta de bolachas caseiras, deliciosa. Matei toda a saudade de ficar ao redor do fogão a lenha conversando até tarde, rindo, bebendo um vinho, contando histórias, e relembrando de tantas coisas boas que vivemos, todas nós, nestes últimos tempos. Apesar de estar lá no Fundão, a sensação era de estar em casa, e a vontade era de ficar, claro. Acho que sou uma menina da cidade com um pezinho no campo! heheheheh

Não preciso repetir o café da manhã né? Até porque aqui em casa, em Floripa, neste momento, não há nada de gostoso para comer, e isso é muita maldade! Mas depois da fartura, momento de carregar os carros, preparar as mochilas, pegar o lanche de trilha, passar protetor e seguir viagem. A programação contava com as duas trilhas na parte superior do Cânion Itaimbezinho, as trilhas do Cotovelo e do Vértice, localizadas no Parque Nacional Aparados da Serra. Do centro de Cambará do Sul até a entrada do parque são aproximadamente 18km de estrada de chão, que hora está boa (quase um asfalto), hora está terrível! Então mais um pouco de paciência, ok? Você irá visitar o terceiro parque nacional mais visitado do Brasil… acho que vale a pena!

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Quando entramos na sede de visitantes, ao lado da maquete com os dois parques nacionais e todos os cânions, estava a foto famosa do grupo de amigos que levei em 2006 para fazer o interior do Itaimbezinho, que está sendo utilizada pelo estado de SC e pelo governo federal para divulgar SC e o Brasil por todo mundo. Essa foto tão especial foi tirada pelo Júnior, outro amigo mais que especial, num daqueles momentos que também não tem preço! Depois ainda presenciei que esta mesma foto está em dois outdoors na cidade de Praia Grande: um no centro de informações turísticas e outro no trevo de entrada, na BR 101. Que legal!

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Visitar o Cânion Itaimbezinho por cima é como se sentir entrando naqueles cartões postais que a gente encontra com facilidade pela internet, em revistas, etc. Numa caminhada leve, e em poucos segundos se pode contemplar o buraco a partir da borda do cânion, e sentir o turbilhão de água que despenca do Rio Perdizes, e se transforma na Cachoeira das Andorinhas. Pertinho dali, e essa é a vantagem de visitar um cânion um pouco menos extenso, a gente visita o vértice do cânion, literalmente o V inicial da fenda, que constantemente sofre a erosão da água que desce de todo o campo de cima da serra para dentro do cânion, e que assim vem modelando este acidente geográfico nos milhares de anos desde que foi formado.

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A próxima trilha foi a do Cotovelo, de aproximadamente 2 horas ida e volta, para contemplar o cotovelo do cânion, local de onde se pode ter uma visão do vértice e das paredes em direção ao final do mesmo. É uma trilha fácil, plana, e bem convidativa até para aqueles que não estão acostumados com caminhadas. São diversos mirantes na borda do cânion que te fazem sentir literalmente dentro daquele espaço tão especial. Mais uma vez contamos com um tempo aberto, sol entre nuvens, e um calor que me garantiu um belo bronzeado…. com marca de camiseta/top/legging!

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Aproveitamos para almoçarmos nosso lanche ali mesmo, em frente aos paredões do Itaimbezinho, enquanto íamos absorvendo a paisagem, o verde, a brisa, a paz. E assim que estávamos satisfeitas, em diversos aspectos, começamos o retorno… e foi aí, neste momento de despedida que começamos a discutir as próximas viagens… e quando a história do início deste post se iniciou! Saímos do parque e descemos a Serra do Faxinal em direção a Praia Grande, para então seguirmos viagem.

Voltamos com a maior tranquilidade, sem estresse nenhum na BR 101, o que pareceu estranho para o final de um feriado nacional, mas considerei que fechamos assim com chave de ouro esta viagem. Em aproximadamente 4 horas realizamos o percurso de Praia Grande, a cidade base do interior dos cânions, até Floripa, e ainda fomos presenteadas com um belíssimo arco íris depois de uma chuva fina que caía na estrada.

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Bom, falta pouco para janeiro/2013! Se você quiser conhecer o interior dos cânions, escreva, pois estarei por lá!

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